O período chamado de entreguerras recebe essa denominação porque se estende do final da Primeira Guerra Mundial (1918) até o início da Segunda Guerra Mundial (1939).
A Primeira Guerra Mundial determinou o fim de um quadro histórico construído ao longo do século XIX, quando os países imperialistas europeus disputavam a hegemonia mundial. A Primeira Guerra alterou profundamente esse contexto, pois os países europeus perderam espaços políticos, dando oportunidade para o surgimento de novas potências como os EUA e a URSS.
Todavia, as marcas deixadas pela guerra atingiram o mundo todo. A crise do sistema capitalista mantinha-se, apesar do crescimento da década de 1920, especialmente dos EUA. No rastro da guerra ocorreu a crise econômica de 1929, que teve início nos EUA mas afetou o mundo todo.
Após a grande depressão, o capitalismo assumiu outras características. Marginalizando alguns princípios liberais, o Estado assumiu um papel mais importante no planejamento econôico, tanto nos países democráticos, como EUA e Inglaterra, quanto nos totalitários, como Alemanha e Itália. Acompanhando a crise geral do capitalismo, a democracia liberal também se tornava instável, especialmente a partir da década de 1930. Esse período apresentou o surgimento de ideologias e movimentos totalitários e seu fortalecimento na Europa. O nazismo alemão e o fascismo italiano, com objetivos expansionistas, surgiram como novos "fantasmas" que rondavam a Europa, apontando para mais um confronto político e militar.
De maneira geral, a Primeira Guerra Mundial não resolveu os problemas econômicos e sociais da Europa. Pelo contrário, vitoriosos e derrotados tiveram enormes dificuldades em reconstruir seus países.
No entanto, os EUA conseguiram sair da guerra com um saldo positivo. O primeiro fato importante para isso foi que eles entraram na guerra somente em 1917 e não tiveram seu território diretamente atingido.
Nos anos que antecederam seu ingresso no conflito, os EUA desenvolveram-se rapidamente. Seus concorrentes diretos na produção industrial (Inglaterra, França e Alemanha) eram os principais protagonistas da guerra, deixando o mercado internacional aberto. Como os EUA estavam distantes dos confrontos, acabaram se tornando, com o tempo, os maiores fornecedores de armas (desenvolvimento da indústria bélica), alimentos (progresso da agricultura), matérias-primas e capital (crescimento e expansão dos bancos) para os aliados europeus.
A dependência da Europa com relação aos EUA se tornou tão grande durante a guerra que após seu final quase todo o dinheiro da indenização alemã paga à Inglaterra e à França foi enviado aos norte-americanos para cobrir as dívidas. Por outro lado, o capital para a reconstrução dos países europeus veio basicamente dos EUA, reforçando os laços de dependência.
Foi assim, portanto, que os EUA conseguiram desenvolver suas indústrias, sua agricultura e ainda acumular capital suficiente para emprestá-lo novamente. A produtividade do país crescia em todos os setores. Tudo isso gerou grande euforia naquele país.
Todavia, todo esse crescimento acabou se tornando descontrolado. A produção aumentava muito, motivada também peos avanços tecnológicos; o país vivia um quadro de superprodução e o poder de compra de seus habitantes não o acompanhava.
Agravando ainda mais a situação dos EUA, os países europeus recuperavam suas ativídades econôicas, diminuindo o nível de importações e concorrendo no mercado internacional. Assim, a produção norte-americana encontrava dificuldades de escoamento, permanecendo nas prateleiras e dando início a um processo de desestabilização da economia.
A CRISE DE 1929
O presidente Herbert Hoover, eleito em 1928, procurando proteger o mercado interno, elevou as taxas de importação, originando uma reação igual na Europa. Isso dificultou ainda mais o comércio de exportação norte-americano.
Tentando evitar a queda dos preços, o setor agrícola armazenou a produção, aumentando os preços internos dos alimentos. A indústria freou a produção, gerando, conseqüentemente, o desemprego.
Os investidores, pequenos, médios e grandes, estavam habituados a aplicar seu dinheiro em ações, produzindo forte especulação na Bolsa de Nova Iorque. Porém, com um quadro de crise se desenhando, o preço das ações começou a cair e todos procuraram vendê-las rapidamente, originando uma brusca queda.
O processo chegou a tal ponto que ninguém mais comprava e as ações tornaram-se papéis sem valor algum. Assim, a Bolsa de Valores de Nova Iorque acabou quebrando (o crack da Bolsa), e o fato repercutiu no mundo inteiro.
O crack da Bolsa provocou a falência de milhares de empresas norte-americanas — bancos e indústrias (cerca de 90 mil) —, arruinou agricultores, pequenos e grandes proprietários, e gerou um brutal desemprego (cerca de 15 milhões de desempregados). A depressão econômica dos EUA atingiu rapidamente o mercado internacional, levando o capitalismo a uma crise sem precedentes, com sérias repercussões políticas no mundo inteiro.
O NEW DEAL
A grande depressão econômica permaneceu até o final do governo do republicano H. Hoover (Partido Republicano). Esse quadro crítico favoreceu a eleição do democrata Franklin Delano Roosevelt (Partido Democrata) em 1932, que prometeu profundas reformas para solucionar a crise.
Ao assumir o governo, o presidente Roosevelt implantou uma nova política econômica, o New Deal (Novo Acordo), inspirada na teoria do economista inglês John Keynes (1883-1946), em que o Estado ganhou o papel de planejador, intervindo diretamente na economia. O maior país capitalista do mundo deixava, assim, as posturas liberais e aceitava a intervenção estatal.
Ao lado de técnicos, especialistas e economistas, ele tratou de implementar um programa de emergência (os célebres "Cem Dias"). A seguir, com a economia minimamente ordenada, adotou medidas mais drásticas.
O Estado assumiu o controle da produção industrial e agrícola, fixando os preços dos produtos; criou instituições de crédito para conceder empréstimos a bancos, indústrias e proprietários agrícolas; iniciou um grande programa de obras públicas para absorver a mão-de-obra ociosa; regulamentou as relações de trabalho, diminuiu as horas de trabalho e legitimou os sindicatos; criou um vasto sistema de assistência, com a dinamização da previdência social e a criação do seguro-desemprego.
As reformas do New Deal duraram até 1935 e mostraram-se bastante eficientes, recuperando a economia norte-americana e beneficiando os trabalhadores. Entretanto, a situação de instabilidade persistia e uma das alternativas foi reaquecer a indústria de armamentos, uma vez que o quadro político internacional apontava para um novo conflito.
A INGLATERRA
Após a Primeira Guerra a Inglaterra se encontrava em sérias dificuldades econômicas, gerando inúmeras greves (como a de 1918, que mobilizou cerca de 2 milhões de trabalhadores). O país mais rico e mais forte do mundo entrava em decadência. Para solucionar a crise procurou-se aumentar a produção industrial e a participação da Inglaterra no comércio internacional, com algum sucesso. No entanto, os problemas sociais permaneciam, reforçando os movimentos sindicais e o Partido Trabalhista, que chegaria a ocupar algumas vezes o Gabinete do primeiro-ministro, tornando-se a novidade política do período.
Em 1918 foi eleito (pela primeira vez com a participação eleitoral das mulheres) o primeiro-ministro Lloyd George, por uma coligação de liberais e conservadores. Entre 1923 e 1935, conservadores e liberais revezaram-se no poder.
A partir de
A FRANÇA
A situação da França foi bastante semelhante à da Inglaterra no período entreguerras, apesar de alguns saldos positivos em termos econômicos (indenizações de guerra da Alemanha) e territoriais. O país levou algum tempo para reorganizar sua economia, gerando problemas sociais. Os empréstimos externos para reestruturar o país começavam a pesar na economia.
A França viveu uma situação política instável de
Apesar de algumas reformas sociais, a frente de esquerda não conseguiu manter-se unida; o Partido Comunista, por exemplo, saiu do governo e passou a liderar greves. Novos governos progressistas se sucederam até 1938, quando os conservadores voltaram ao poder com Daladier, um governo fraco interna e externamente.
No quadro político europeu a França começava a ter dificuldades com algumas pressões da Alemanha e dava início a uma corrida armamentista.
O JAPÃO
O notável desenvolvimento do Japão na virada do século foi paralisado no pós-guerra. Durante a década de 1920 o Japão passou por uma profunda crise econômica, agravada em 1929. Tal situação gerou desemprego, falências e inflação.
A situação política e social se agravou em razão da crise econômica. A estabilidade política, sustentada na prática por um bipartidarismo (Partido Conservador e Partido Liberal) e pelo apoio de grandes empresas, foi abalada pelas greves e pelo crescimento eleitoral dos socialistas. Os governos nessa década se sucederam, como na Europa, sem resolver os problemas mais sérios.
O exército surgiu no Japão como uma força política alternativa fora do Parlamento, constituindo até um poder paralelo. Baseado em sociedades secretas, ele se tornou direitista e nacionalista.
Em
Um golpe militar de extrema direita e nacionalista, reprimido pelo governo do imperador Hirohito, evidenciou o confronto político entre militares e Parlamento. O imperador procurou contornar a situação, tentando formar um governo de direita, com um militar como primeiro-ministro. Apoiados pela população, os militares dominaram o Japão até 1941, empreendendo uma política expansionista no Oriente e agravando ainda mais o quadro político internacional.
Um comentário:
Muito obrigada, me ajudou muito no meu trabalho sobre a Crise de 1929
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